8 de ago. de 2009

Perdas compartilhadas na Sociedade *

Mutação

Na minha constante busca por algo que nem mesmo sei o que é, me perdi. Perdi minha inocência que muito alimentava minha esperança. Fui de encontro aos meus preceitos, me enganei. Assim, abri meus olhos. Perdi a vontade de correr atrás daquilo que não posso achar, agora sei que para se ganhar às vezes é necessário se perder. Através de meus erros, perdi meus medos. Por isso, não temo ganhar um não, nem cair, nem parar. Eu tinha uma ilusão que me fazia idealizar pessoas, imaginar ações e pensar na perfeição dos sentimentos. Acreditei que um gesto significaria uma vida, uma noite, seria para sempre um olharm um compromisso. Mas perdi meu credo, me fiz forte, ganhei coragem. A cada lágrima que rolou por minha face, a cada suspiro e a cada vez que sonhei foi em vão; só fiz afundar-me em uma mar de influências. A cada decepção perdi a vontade de tirar os pés do chão, escrever linhase linhas e depois concluir de que nada adiantou escrever tanto se o motivo de tais palavras não era nem mesmo real.
Verdade seja dita, perdi uma bagagem que a literatura, a carência e a adolescência a mim presentearam . Me senti só. Me senti vazio sem aquilo que em mim tanto amava e que julgava ser tão puro. Pois, aí está a grande verdade. Esta foi minha grande perda, a tal da pureza, que se foi para nunca mais voltar .Se é errando que se aprende percam-se os anéis... Então, minha criança que foi jogada indefesa em meio a famintos lobos, foi sacificada. Morreu na hora certa, sua morte invocou o homem e este aprendeu com ela em seu tempo de vida. Nasceu de frágil casulo e sua essência traz consigo coragem e sabedoria.
Perdi parte de mim, simplesmente coisas que de fato para trás deixei. Pedi meu castelo de areia e construo agora um mais forte, robusto. E lá no fundo dessa grande muralha está o tesouro
que guardo em indestrutível redoma. Se me perdi na escuridão das trevas, fiz a luz, depois de tudo só quem decifrar meus enigmas violará minha redoma. Se irei me perder novamente só o destino sabe, se irei cair e machucar-me só a vida me responderá.
Certamente, erros trazem riscos e estes experiências e com eles as nossas armas. Que venham os gigantes, para estes estou preparado, pedi meus medos e ganhei minha força. Para me vencer agora nem para a própia morte será tarefa fácil.
John Gomes
*Leitura em uma das oficinas sobre o sentimento de perda que trabalhamos na Sociedade

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